Eu comecei terapia há alguns meses, quando antevi uma nova onda de dificuldades se acumulando na minha vida. Em outras ocasiões, semelhantes em acúmulo de estresse, eu fiquei ansioso ao ponto de ter um ataque de pânico. Isto me fez ficar curioso e buscar por formas de terapia, primeiramente, que eu pudesse fazer eu mesmo e, insatisfeito com os resultados deste método, com auxílio de alguém.
O impulso final foi a descoberta do site psymeet que tem a missão de oferecer apoio psicológico a pessoas que não possuem meios materiais, desmistificando a ideia de que terapia é apenas para ricos. As sessões são obrigatoriamente no valor máximo de trinta reais.
Por se tratar de terapia online e com sessões possivelmente mais enxutas que uma terapia presencial (mas não necessariamente, vai depender do seu acordo com o psicólogo), muito do trabalho será feito, preferencialmente, antes das sessões. Daí o motivo deste texto, em que discuto como me preparei para começar terapia.
Iniciar a terapia é uma jornada de autotransformação que pode resultar em grandes benefícios. Ela não é uma ferramenta para ajustar o indivíduo a uma sociedade injusta; esse é um preconceito comum que eu mesmo tinha até perceber que com ou sem terapia, a sociedade ainda era a mesma. Agora eu sei que começar terapia vai fazer o indivíduo perceber, primeiro, que ser parte de uma sociedade não descaracteriza sua individualidade, e que, para cada problema complexo existe uma solução simples, fácil e errada.
Segundo Rochelle Frank em how to get ready for therapy no site psyche.co, um terapeuta é uma fonte confiável e segura de escuta ativa; isso pode parecer pouco, mas desabafar com alguém que é contratualmente obrigado a te ouvir e nunca falar nada para ninguém acaba sendo um baita ponto positivo. Além disso, um terapeuta está equipado com conhecimentos e técnicas que ajudam o indivíduo a buscar a fonte do seu problema.
Preparar-se para a terapia não apenas reduz a ansiedade (que é, entre outras coisas, um das grandes responsáveis por esquecermos coisas importantes que precisam ser trazidas na terapia) como aumenta sua eficácia. Uma das ideias é fazer uma lista de prós e contras de fazer terapia. Isso é bom para esclarecer nossas próprias motivações, lembrando sempre que procurar ajuda através da terapia é já terapêutico em si mesmo.
Definir os problemas que procuramos resolver também é uma forma de colocar no papel de forma inequívoca aquilo que só sentimos. Finalmente, ela sugere que expressemos de forma clara como os desafios que nos afligem surgem no cotidiano, e essa é, eu suponho, uma forma de dar escala aos problemas, e torna-los, assim, mais compreensíveis.
O Que Fazer (por Rochelle Frank)
Passos | Descrição |
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Reflexão Pessoal | Pense sobre suas motivações para iniciar a terapia e como quer que a terapia te ajude. |
Defina Problemas Específicos | Liste problemas específicos e como eles afetam sua vida diária. |
Estabeleça Objetivos | Determine objetivos terapêuticos claros e tangíveis. |
Pesquisa Sobre Terapeutas | Informe-se sobre diferentes abordagens terapêuticas e métodos dos terapeutas. |
Planeje a Primeira Sessão | Prepare perguntas para o terapeuta e tenha uma lista de pontos a discutir. |
Comprometa-se | Esteja preparado para se envolver e ser honesto durante as sessões. |
Mantenha uma Mente Aberta | Esteja disposto a explorar e trabalhar em áreas difíceis e desconhecidas. |
Considere o Ambiente | Escolha um ambiente onde se sinta seguro e confortável para a terapia. |
Autocuidado | Cuide de si mesmo durante o processo terapêutico, com práticas de bem-estar. |
Pensar o que se espera da terapia antes mesmo de começar é uma forma de dar objetivo à coisa toda - "eu espero me tornar mais responsável", eu poderia ter escrito há 4 meses, "dono do meu tempo e menos volúvel às distrações do mundo moderno". Lembro de procurar especificamente uma profissional da linha de Terapia Cognitivo Comportamental porque eu lera em algum lugar sobre sua relação muito próxima com a meditação e a filosofia. Saber um pouco sobre a linha de terapia que você precisa, de fato, é um dos conselhos deste artigo na Psyche. Isso vai te ajudar a confiar mais no processo, que por vezes pode ser árduo ou apenas tedioso. Não é necessário, no entanto, se tornar um expert em psicologia para escolher um caminho - uns vídeos no youtube ou uma pesquisa no reddit deveria bastar. Falo isso por experiência própria, pois minha tendência é justamente a me afundar por semanas em coisas deste tipo; isso pode se tornar um empecilho se você começar a analisar demais a forma que seu terapeuta trabalha, ou se estiver tentando inferir qual a técnica que ele utilizou na sessão anterior, etc., e aquilo que era para reduzir a incerteza e aumentar a confiança acaba fazendo o contrário.
Uma mente aberta é importante, porque, no fim das contas, estamos falando de humanos ajudando outros humanos, e sempre haverá um grau maior ou menor de incerteza nisso tudo. O terapeutas pode ter uma interpretação diferente da linha de psicoterapia que você tem, por exemplo, ou você poderia omitir um fato importante em uma sessão. Mentir sempre é ruim, preciso dizer, mas mentir na terapia é literalmente jogar dinheiro e tempo fora. A mente aberta na hora da terapia é garantia que muitos dos obstaculos mais grosseiros serão vencidos, e isso vale especialmente para a modalidade à distância.
Preparar-se para a terapia é lembrar que seu progresso vem em primeiro lugar - e embora nada possa ser garantido, a preparação para qualquer coisa na vida sempre é boa ideia. No meu caso, foi essencial. Garantiu um progresso sem saltos, tranquilo e leve como um passeio no parque ou um dia de cinema com a minha cara metade. Na natureza nada realmente dá saltos, então porque o auto desenvolvimento deveria ser diferente?