Estou “migrando” para o Instagram, limitando assim minhas redes sociais ao mínimo. Isso significa que com ela ficam apenas o WhattsApp e e-mail, e nada de Facebook (mas sim o messenger e logo digo o porquê).
Eu uso o FB desde 2009, mas o esvaziamento do conteúdo que eu vejo lá já ainda é recente; não que o Instagram seja melhor, mas pelo menos é mais honesto no que se propõe e as interações são mais simples também: curtir ou não, comentar ou não, seguir ou não. Rede assimétrica, não preciso te seguir se você me seguir.
Sem ressentimentos, para ser sincero não era algo que eu esperava fazer. Lá estão todos os meu conhecidos, familiares e amigos, além de uma porção grande de gente que aspiro conhecer pessoalmente um dia, mas como livros na estante que comprei e não sei quando vou conseguir ler, elas ficam lá, postando e postando e eu assistindo passivamente, dando as curtidas de praxe e esperando o pico de dopamina.
Não que isso seja ruim (embora talvez seja), na minha opinião existem filtros e mais filtros. Mas quando o único filtro que me sobra na época das eleições, como de fato aconteceu, é excluir a amizade, acho que já fomos longe demais. O Facebook até me ajudou, quando fui assaltado e fiquei só com a roupa do corpo no meio do nada; (longa história curta: estava viajando sozinho em direção à Cuiabá, ainda na Argentina quando fui assaltado e o meliante me levou tudo, mochila, celular e casaco. Até o relógio. Na necessidade suprema, fiz um boletim de ocorrência e com a ajuda de donos de Lan House, acessando o FB, eu conseguir entrar em contato com familiares e pedir ajuda) mas é chegada a hora de se despedir.
Para ser sincero já não sei mesmo qual meu ganho com uma rede social que mais me afasta do que me aproxima das pessoas. O Instagram me deprime às vezes, com todos aqueles corpos bonitos e todas aquelas paisagens/viagens fascinantes (muito embora o que ataca minha vulnerabilidade seja inteligência e sarcasmo, e nisso o reddit e o quora são bem mais intimidantes), mas eu estou ciente disso, só preciso usar uma meio hora no máximo por dia, e depois, não é como se eu virasse um eremita. Em última instância eu poderia largar tudo e curtir meu reinado na minha casca de noz... Sou da filosofia que nada no mundo precisa de você para funcionar e que ninguém é insubstituível.
undefined
Usei o stories do Instagram para fazer uma enquete — sou tímido e demoro para aceitar opiniões alheias, mas o espírito de pesquisador quis saber então perguntei: qual a maneira que você prefere ler. Quer dizer, no seu dia a dia, o que você usa mais: Papel ou e-books?
Resultado foi de 86% papel. Nenhuma surpresa. Até o Cortella já dizia:
(…) a plataforma papel é mais efetiva que a digital. Texto no papel dá outro tipo de mobilidade não só do manuseio do material como das ideias. Evidentemente, ninguém em sã consciência dirá: “Então, cessemos o digital e voltemos ao papel”. Porque são mídias convergentes e não concorrentes. Há conteúdos que eu prefiro guardar no digital e outros que funcionam melhor em outras plataformas.
Cortella, Mario Sergio. A sorte segue a coragem! Planeta. Edição do Kindle.
Não acho que a maioria está enganada, ainda que as pessoas possam pensar que ler e-books significa usar computador e não dispositivos próprios com a tecnologia e-ink, tinta digital, que não agride os olhos porque simula a tinta no papel ao invés de enviar luzes de seus pixels direto nos seus olhos; não aposto na ignorância dos outros mas desconheço às razões todas para escolherem papel. Só quero fazer uma ressalva em defesa do ebook, que é sua praticidade. E para isso vou recorrer à minha própria experiência.
Quando eu tinha meus 15 anos já tinha o sonho de ler todos os livros, muitos acumulados na estante lá de casa, e não eram poucos. Eu levava eles comigo para todo lado, eram a minhas únicas posses, mas também eram meus melhores amigos; quando eu me apaixonei perdidamente e fui atrás desta paixão, do outro lado do país, levei uma mala pesadíssima de livros, que obviamente, foi se esvaziando no caminho, pois além de apaixonado era distraído. Estes livros eram meus únicos móveis quando morei em campo grande em uma quitinete minúscula perto do meu trabalho no macdonalds (pois é…). Nunca esqueci destes livros e nem sei se os li, mas eu os levava comigo e era um fardo bem verdadeiro.
Hoje eu tenho meu leitor de ebooks, com mais de trezentos livros nele. Não abro mão do papel, mas é outra experiência: eu uso meu Kindle o tempo todo e com ele minhas leituras deram um salto quantitativo e qualitativo enorme, gigante. Nele eu faço anotações e uso o dicionário embutido, além de ter um construtor de vocabulário maravilhoso, que guarda todas a palavras procuradas no dicionário. Ainda que a Amazon me espione e guarde meus dados de leitura (Harari diz em homo Deus, que eu li no kindle), eu não abro mão do dispositivo. Acho até que deveria ser usado nas escolas como web usam hoje celulares e computadores.
Photo by Samuel Zeller on Unsplash
Como eu uso meu kindle para estudar?
Basicamente uso ele para:
- guardar e ler os meus livros
- converter PDF de livros que já tenho (usando o calibre, que ainda permite inserir capa, editar metadados, converter em quase qualquer formato)
- converter artigos, textos antigos, páginas de blog e de sites para ler offline
- guardar e ler meus documentos pessoais
Desta última opção, uso para outras coisas:
- ler textos da faculdade que converto (tanto PDF quanto DOCX) usando ferramentas que a amazon mesmo oferece — send to kindle app.
- ler artigos da internet que não tenho tempo ou paciência para ler no computador mas que quero deixar salvo para ler depois — send to kindle chrome extension.
Isso parece pouco, mas é importante lembrar que o ecossistema do kindle inclui:
- o aplicativo de celular
- o aplicativo windows
- o dispositivo kindle propriamente
E cada um destes mantêm seus documentos pessoais e seus livros sincronizados, por exemplo, o romance Guerra e Paz que você compra para o kindle estará também no computador e no celular. Isso é muito cômodo e é um dos fatores por que fica tão fácil ler mais e melhor — lembrando que todos os aplicativos e dispositivos kindle contêm o construtor de vocabulário (uma lista que contêm todos as palavras cujos significados foram pesquisados no dicionário, para uso posterior), dicionários (sim, para a língua que precisar, de graça), anotações salvas online e em um arquivo txt. com data e hora, e tudo na nuvem — se formatar o dispositivo, só baixar novamente. Só vantagens, certo?
Bem, existem custos. O kindle não é tão barato ainda, exceto a versão sem luz, mas não compensa — melhor custo benefício sendo o paperwhite, que você usa em qualquer lugar em qualquer condição de iluminação. Os livros kindle também não são sempre mais baratos que as versões em papel, e enquanto você consegue facilmente um livro em pdf ou mesmo uma versão pirata deste livro por aí (o que não incentivo, porque não existe saída do sistema capitalista, ou pelo menos já se sabe que a pirataria não é essa saída), o mesmo não vale para o kindle da amazon que só encontramos original, o que me faz, mais uma vez, defender que haja um incentivo para uso deste tipo de tecnologia nas escolas e instituições de ensino.
Mais informações. Achei o vídeo a seguir nas minhas recomendações bastante tempos depois de ter publicado mas pode ser útil para quem ainda não se convenceu ou precisa de um auxílio mais visual:
Bons estudos.